A palavra paz costuma estar nos discursos de todas as pessoas.
Seja o político influente, o religioso, a mãe de família, o
patrão ou o empregado, todos afirmam desejar a paz.
Contudo, é comum a percepção de que a paz é algo que se produz no
exterior e por obra de outros.
Deseja-se a paz à custa de atos alheios.
Se ela não se faz presente, entende-se que a culpa é de terceiros.
Culpa-se o governo pelos estrépitos das ruas.
Culpam-se os políticos pela cultura de desonestidade que prejudica a
tranquilidade.
Sempre são os outros os responsáveis.
Entretanto, toda realização legítima e duradoura começa no
indivíduo.
As ideias surgem nas mentes de alguns, alastram-se, convertem-se em
atos e gradualmente tomam corpo no meio social.
Toda conquista positiva perfaz esse caminho para se converter de
ideia de poucos em realidade de muitos.
Com a paz não pode ser diferente.
Mas, em relação a ela, ainda há uma peculiaridade.
A genuína pacificação se opera no íntimo do ser.
O exterior tumultuado pode constituir um desafio à preservação da
harmonia interior.
Ocorre que o silêncio do mundo não induz à paz interna.
Em geral, quem tem a consciência pesada busca se agitar bastante, a
fim de não se deter na própria realidade.
Como algo interno, a paz legítima é uma construção pessoal e
intransferível.
Ninguém se pacifica à custa do semelhante.
Um ser iluminado pode dar exemplos, conselhos e lições.
Contudo, pacificar-se é um processo de dignificação, que só o
próprio interessado pode realizar.
Ele pressupõe a compreensão de que atos indignos sempre têm
tristes consequências.
Ninguém adquire plenitude interior sem agir com dignidade e sem
dominar seus pensamentos e sentimentos.
A entrega ao crepitar das paixões apenas complica a existência.
Os gozos mundanos são momentâneos, ao passo que a lembrança do que
se fez dura bastante.
Não há como viver em paz e desfrutar de vantagens indevidas,
prejudicar os semelhantes e fazer o que a consciência reprova.
O requisito básico da paz é a tranquilidade de consciência.
Para isso, é preciso tornar-se senhor da própria vontade.
Hábitos de longa data não somem em um repente.
Enquanto eles são dominados, a vontade precisa ser firme.
Para não viver torturado por desejos ilícitos, também se impõe
deter o olhar no que de belo há no mundo.
Sem angústia, mas com a firme intenção de corrigir-se aos poucos,
direcionar a própria atenção e o próprio querer para atividades
dignas.
Devagar, surge o prazer de ser trabalhador, digno e bondoso.
Como resultado, faz-se a paz no íntimo do ser.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.03.2010.
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