domingo, 5 de dezembro de 2010

"O Amor no Terceiro Milênio"

                                                       
:: Flávio Gikovate ::
 

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início desde milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossas felicidades, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso - o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa alguma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se toma menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...
"A pior solidão é aquela que se sente quando acompanhado".



Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=4989

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O significado do Natal para os espíritas

Marta Antunes Moura
Natal é comemorado no dia 25 de dezembro porque a data foi retirada de uma festa pagã muito popular existente na Roma antiga, e que fora oficializada pelo imperador Aureliano em274 d. C. A finalidade da festa era homenagear o deus sol Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invicto)   considerado a primeira divindade do império romano  e festejar o início do solstício de inverno.

Com o triunfo do Cristianismo, séculos depois, a data foi utilizada pela igreja de Roma para comemorar o nascimento do Cristo (que, efetivamente, não ocorreu em 25 de dezembro), considerado, desde então, como o verdadeiro “sol” de justiça. Com o passar do tempo, hábitose costumes de diferentes culturas foram incorporados ao Natal, impregnando o de simbolismo: a árvore natalina, por exemplo, é contribuição alemã, instituída no século XVI, com o intuito de reverenciar a vida, sobretudo no que diz respeito aos pinheiros, que conservam a folhagem verde no inverno; o presépio foi ideia de Francisco de Assis, no século XIII. As bolas e estrelas que enfeitam a árvore de Natal representam as primitivas pedras, maçãs ou outros elementos com que no passado se adornavam o carvalho, precursor da atual árvore de Natal.

Antes de serem substituídas por lâmpadas elétricas coloridas, as velas eram enfeites comuns nas árvores, como um sinal de purificação, e as chamas acesas no dia 25 de dezembro são uma referência ao Cristo, entendido como a luz do mundo. A estrela que se coloca no topo daárvore é para recordar a que surgiu em Belém por ocasião do nascimento de Jesus. Os cartões de Natal apareceram pela primeira vez na Inglaterra, em meados do século XIX. Os espíritas veem o Natal sob outra ótica, que vai além da troca de presentes e a realização do banquete natalino, atividades típicas do dia. Já compreendem a importância de renunciar às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício.

Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em espírito.2 A despeito do relevante significado que envolve o nascimento e a vida do Cristo e sua mensagem evangélica, sabemos que muitos representantes da cristandade agem como cristãos sem o Cristo, porque vivenciam um Cristianismo de aparência.

Neste sentido, afirmava o Espírito Olavo Bilac que “ser cristão é ser luz ao mundo amargo e aflito, pelo dom de servir à Humanidade inteira”.3 Chegará a época, contudo,em que Jesus, o guia e modelo da Humanidade terrestre,4 será reverenciado em espírito e verdade; Ele deixará de ser visto como uma personalidade mítica, distante do homem comum; ou mero símbolo religioso que mais se assemelha a uma peça de museu, esquecida em um canto qualquer, empoeirada pelo tempo. Não podemos, contudo, perder a esperança. Tudo tem seu tempo para acontecer.

No momento preciso, quando se operar a devida renovação espiritual da Humanidade, indivíduos e coletividades compreenderão que [...] Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei [...].5


Distanciado dos simbolismos e dos rituais religiosos, o espírita consciente procura festejar o Natal todos os dias, expressando-se com fraternidade e amor ao próximo. Admite, igualmente, que [...] a Doutrina Espírita nos reconduzao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o sol moral do mundo, a brilhar hoje, como brilhava ontem, para brilhar mais intensamente amanhã.6 Perante as alegrias das comemorações do Natal, destacamos três lições ensinadas pelos orientadores espirituais, entre tantas outras. Primeira, o significado da Manjedoura, como assinala Emmanuel: As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.

A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário constituía a Vida. Sem o Caminho,o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.7 Segunda, a inadiável (e urgente) necessidade de nos aproximarmos mais do Cristo, de forma que o seu Evangelho se reflita, efetivamente, em nossos pensamentos, palavras e atos. Para a nossa paz de espírito não é mais conveniente sermos cristãos ou espíritas “faz de conta”.[...]

Comentando o Natal, assevera Lucas que o Cristo é a Luz para alumiar as nações.8 Não chegou impondo normas ou pensamento religioso. Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos. Não disputou com os filósofos quanto às origens dos homens. Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida. Fez luz no Espírito eterno.

Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exército e sacerdócio, armamentos e tribunais. Trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo. Revelou a grandeza do serviço à coletividade, por intermédio da consagração pessoal ao Bem Infinito. Nas reminiscências do Natal do Senhor, meu amigo, medita no próprio roteiro.

Tens suficiente luz para a marcha? Que espécie de claridade acendes no caminho? Foge ao brilho fatal dos curtos-circuitos da cólera, não te contentes com a lanterninha da vaidade que imita o pirilampo em voo baixo, dentro da noite, apaga a labareda do ciúme e da discórdia que atira corações aos precipícios do crime e do sofrimento. Se procuras o Mestre divino e a experiência cristã, lembra-te de que na Terra há clarões que ameaçam, perturbam, confundem e anunciam arrasamento...

Estarás realmente cooperando com o Cristo, na extinção das trevas, acendendo em ti mesmo aquela sublime luz para alumiar?9 Por último é muito importante aprendermos a ser gratos a Jesus pelas inúmeras bênçãos que Ele nos concede cotidianamente, em nome do Pai, como a família, os amigos, a profissão honesta, a vivência espírita etc., sabendo compartilhá-las com o próximo, como aconselha Meimei: Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...

Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo. [...] Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, pelo eterno amor que se derramou das estrelas. Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!...10

Referências:

1DUTRA, Haroldo D. O novo testamento. (Tradutor). Brasília: EDICEI, 2010. p. 258.
2VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 47, p. 154.
3XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do natal. Espíritos diversos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 76, p. 201.
4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 625.
5______. ______. Comentário de Kardec àq. 625.
6XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. Jesus e atualidade, p. 296.
7______. Antologia mediúnica do natal. Espíritos diversos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21, p. 57.
8LUCAS, 2:32.
9XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do natal. Espíritos diversos. 6. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 4.
10______. ______. Cap. 29, p. 73-74.



Fonte: http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=194

domingo, 28 de novembro de 2010

"Superar a dor"


:: Elisabeth Cavalcante :: 

Segundo os mestres budistas, a vida é constituída de duas matérias essenciais: o prazer e a dor. Desde muito cedo aprendemos a evitar qualquer experiência que nos cause sofrimento, e a buscar as que aumentem nossa sensação de prazer.

Como fazer, então, quando a vida nos apresentar situações que gerem dor? Se não temos o poder de evitá-la, precisamos aprender a lidar com ela de modo a transcendê-la.

Uma das formas de fazermos isto é permanecermos alertas e receptivos, para perceber o que aquela experiência pode nos ensinar. Ao invés de nos afundarmos na angústia e na infelicidade, podemos, sim, fazer de qualquer sofrimento uma vivência transformadora.

Mas esta capacidade ainda está inacessível para a maioria de nós. Infelizmente, muitos se mantêm por longos anos aprisionados à situação geradora de sofrimento, esquecendo-se de outra verdade inexorável acerca da existência: nada é permanente.

A dor e o sofrimento podem também ter um fim. Entretanto, este é um resultado que depende muito de nossa própria atitude. Eles só se tornarão permanentes, se nos agarrarmos a eles de maneira cega, sem permitir que qualquer outra realidade possa ser criada em nossa vida.

Precisamos desejar, com toda a força de nosso coração, vivenciar o outro lado da moeda e recuperar a alegria. Estes dois opostos são essenciais para que possamos viver em plenitude. 

O sofrimento, por mais que neguemos, ensina-nos lições fundamentais, fortalece nosso espírito e traz à tona um poder interior que nem sonhávamos possuir. E a alegria, por sua vez, renova nossa conexão com a fonte inesgotável de amor, de onde tudo emana.

"Alegria é a sua natureza

Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento. Como obter felicidade e alegria? Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu?

....Sem sacrificar-se, você não conseguirá dar nem mesmo um passo. Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objeto desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis. 

.... Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais do que você precisa. 

...Eu gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus problemas... E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto.

....Eu digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá compreender por si mesmo...E quando tornar-se bom na arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. 

...Uma criancinha quer chorar.... Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela, ao chorar, atira para fora as suas tensões.... Mas nós ensinamos a criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada....

Quem sabe quantas tensões você acumulou? ...... Os seus ramos querem se abrir mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto . A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada , dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.

...atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração..... Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. 

...Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora. 

.... E a segunda coisa: na medida que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você. A alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma. 

....Se você reprimir a dor, ela cresce... Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a expressar ela aumenta. .Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão pensando a seu respeito. 

...Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno - exatamente como um homem que se sujou na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. 

Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza". 
OSHO - The Sadhna Sutra.

sábado, 27 de novembro de 2010

"A ação de paz"

                                              
A paz é um dos tesouros mais desejados nos dias atuais. Muito se tem investido para se conseguir um pouco desse bem tão precioso.

Mas será que nós, individualmente, temos feito investimentos efetivos visando tal conquista?
O que geralmente ocorre é que temos investido nossos esforços na direção contrária, e de maneira imprópria.

É muito comum desejar a paz e buscá-la por caminhos tortos, que acabam nos distanciando dela ainda mais.
O Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreveu, certa feita, uma mensagem que intitulou ação de paz.

Eis o seu conteúdo:

“Aflição condensada é semelhante à bomba de estopim curto, pronta a explodir a qualquer contato esfogueante.

Indispensável saber preservar a tranqüilidade própria, de modo a sermos úteis na extinção dessa ou daquela dificuldade.

Decerto que para cooperar no estabelecimento da paz, não nos seria lícito interpretar a calma por inércia.
Paciência é a compreensão que age sem barulho, em apoio da segurança geral.

Refletindo com acerto, recebe a hora de crise sem qualquer idéia de violência, porque a violência sempre induz ao estrangulamento da oportunidade de auxiliar.

Diante de qualquer informação desastrosa, busca revestir-te com a serenidade possível para que não te transformes num problema, pesando no problema que a vida te pede resolver.

Não afogues o pensamento nas nuvens do pessimismo, mentalizando ocorrências infelizes que provavelmente jamais aparecerão.

Evita julgar pessoas e situações em sentido negativo para que o arrependimento não te corroa as forças do espírito.

Se te encontras diante de um caso de agressão, não respondas com outra agressão, a fim de que a intemperança mental não te precipite na vala da delinqüência.

Pacifica a própria sensibilidade, para que a razão te oriente os impulsos.

Se conservas o hábito de orar, recorre à prece nos instantes difíceis, mas se não possuis essa bênção, medita suficientemente antes de falar ou de agir.

Os impactos emocionais, em qualquer parte, surgem na estrada de todos; guarda, por isso, a fé em Deus e em ti mesmo, de maneira a que não te afastes da paz interior, a fim de que nas horas sombrias da existência possa a tua paz converter-se em abençoada luz.”

As palavras lúcidas de Emmanuel nos sugerem profundas reflexões em torno da nossa ação diária.
Importante que, na busca pela paz não venhamos a ser causadores de desordem e violência.

Criando um ambiente de paz na própria intimidade, poderemos colaborar numa ação efetiva para que a paz reine em nosso lar, primeiramente, e, depois possa se estender mundo afora.

Se uma pessoa estiver permanentemente em ação de paz, o mundo à sua volta se beneficiará com essa atitude.

E se a paz mundial ainda não é realidade em nosso planeta, façamos paz em nosso mundo íntimo. Essa atitude só depende de uma única decisão: a sua.

***

A sua paz interior é capaz de neutralizar o ódio de muitas criaturas.
 
Se você mantiver acesa a chama da paz em sua intimidade, então podemos acreditar que a paz mundial está bem próxima.

Porque, na verdade, a paz do mundo começa no íntimo de cada um de nós.



Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Emmanuel, do livro Urgência, psicografia de Francisco C. Xavier.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Campanha Ponto Final - viral homem

Campanha Ponto Final - viral mulher

Campanha Ponto Final - viral menina

"Basta de violência contra as mulheres"

Eliminar a violência contra as mulheres é o foco deste 25 de novembro






Tatiana Félix *

Adital - 
 
Casamentos forçados, mutilação genital, abuso e violência sexual, alvo do tráfico de pessoas para exploração sexual, agressões verbais, morais e físicas. Estas são algumas das situações vividas por mulheres, desde meninas até a idade adulta, em vários países, continentes e culturas. Para a Anistia Internacional a causa para essa violência é única: a simples discriminação por ser Mulher! Por causa desta realidade geral e de casos específicos como o das três irmãs Mirabal, ativistas políticas da República Dominicana, que foram assassinadas por ordem do então governo autoritário de Rafael Trujillo, em 1961, é que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 1999, o Dia Internacional da eliminação da violência contra a mulher, celebrado em 25 de novembro.
A data é uma oportunidade para que organizações sociais, movimentos e demais entidades em todo o planeta realizem atos para dizer Não à Violência de gênero e conscientizar a população sobre esta violação - e porque não perseguição - de direitos. Para a Agência das Nações Unidas para educação, ciência e cultura, Unesco, a violência contra mulheres já atingiu "proporções epidêmicas", uma vez que já foi constatado que uma em cada três mulheres no mundo, já foi vítima de agressão física, de maus tratos ou manteve relações sexuais forçadas. A diretora geral da Unesco, Irina Botoava, declarou que este tipo de violência é uma "violação inadmissível" dos direitos e liberdades fundamentais das mulheres.
Para celebrar a data neste ano, a Unesco elaborou uma semana de eventos em diversos países. Na França, país sede da agência, haverá uma conferência com a temática "A mulher, a água e o desenvolvimento sustentável na África".
No Chile, a Anistia Internacional convocou os meios de comunicação do país para participarem do ato público "Os direitos das mulheres são direitos humanos", que aconteceu na República com Salvador Sanfuentes, no Metrô República. Durante o ato público foram realizadas mesas de discussão abordando temas como violência intrafamiliar, mulheres em conflitos armados, direitos sexuais e reprodutivos e a situação das mulheres migrantes.
Estima-se que 35% das mulheres chilenas sofram violência dentro da família e, a cada semana, pelo menos uma delas é assassinada por seus companheiros ou ex-companheiros. Já no México, a violência contra as mulheres, entre 15 e 44 anos, tem causado mais mortes e deficiências do que o câncer, a malária, os acidentes automobilísticos e a guerra juntos, segundo estimou o Banco Mundial.
A diretora do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, Unifem, para o México, América Central, Cuba e República Dominicana, Ana Güezmez García, afirmou que, de 135 países sem guerra, o México encabeça a lista em matéria de feminicídios.
No Brasil, o Dia Internacional da eliminação da violência contra a mulher será celebrado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), do Governo Federal, na cidade de Salvador, na Bahia.  Segundo dados da instituição, o serviço especializado para mulheres no país aumentou em 161%, nos últimos 7 anos, mas, ainda são poucos os serviços de responsabilização e educação do agressor, com apenas 12 unidades para atender todo o país.
Para ressaltar a maneira como as mulheres são tratadas, a diretora da Unifem recordou que dois terços da população analfabeta no planeta, é composta por mulheres. Elas ainda fazem parte dos 70% de pessoas que sobrevivem com menos de um dólar por dia. A população feminina também recebe uma remuneração de 20 à 50% menor que a dos homens, e são também as mulheres os principais alvos do tráfico de seres humanos, representando 79% das vítimas deste crime.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-juvenil"

DNCCI - Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil
DNCCI - Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil (23 de novembro), instituído pela Lei nº 11.650, de 4/4/2008.
Clique para assistir o vídeo da campanha



LEI Nº 11.650, DE 4 DE ABRIL DE 2008.

Institui o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, que será celebrado anualmente no dia 23 de novembro.

Art. 2o Os objetivos do Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil são:

I estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil;

II promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer;

III apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol das crianças com câncer;

IV difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao câncer infantil;

V apoiar as crianças com câncer e seus familiares.

Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 4 de abril de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
José Gomes Temporão

domingo, 21 de novembro de 2010

"Carinho de Verdade"

O Cristo Redentor "fechou" os braços, num abraço simbólico ao Rio de Janeiro, na noite da última terça-feira.
O efeito - uma ilusão de ótica provocada por projeção de luzes e imagens -faz parte da campanha "Carinho de Verdade", de combate à violência e exploração sexual de crianças.
Para simular o abraço, o cineasta Fernando Salis usou oito projetores, que cobriram a estátua com imagens
do Rio, como sobrevoos de asa-delta, as florestas e até mesmo otrânsito.
Ao som de Bachianas Brasileiras n.º 7, de Villa Lobos, e com animação em 3D, a estátua parece fechar os braços.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Barack Obama fala sobre Religião e Secularismo"

Obama faz defesa do Estado laico

Um discurso inteligente, memorável, que enfrenta os fundamentalistas retrógrados com a razão. A mil léguas do primarismo do tosco George Bush. Um discurso que certamente há de perdurar.




http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/obama-faz-defesa-corajosa-do-estado-laico.html

"Compaixão"


:: Elisabeth Cavalcante :: 

A mais elevada forma de amor que o ser humano precisa aprender a manifestar é a compaixão. Não é algo fácil de se compreender e, principalmente, vivenciar.

De um modo geral, entendemos a compaixão como a capacidade de sentir o sofrimento do outro e desejar sinceramente minorá-lo. Mas ela tem um sentido muito mais amplo e representa o transbordar da energia amorosa que, uma vez desperta, torna-se tão intensa que precisa ser compartilhada sem qualquer restrição.

A compaixão não tem um objeto específico ao qual se dirija, ela se torna simplesmente disponível a quem quer que possa estar ao seu alcance. 
E se for autêntica e verdadeira, deve antes de tudo dirigir-se ao próprio ser que a gerou.

De nada adianta desejarmos compartilhar o amor, se não formos capazes de nutrir a nós mesmos com esta energia. A falta de auto-estima e do reconhecimento de nosso valor, resultado de experiências impostas a nós pelo mundo exterior, faz com que não nos consideremos merecedores de amor.

Enquanto não estivermos plenamente preenchidos pelo nosso próprio amor, seremos incapazes de doá-lo em profundidade a quem quer que seja. Podemos, sim, acreditar que estamos amando, mas, este amor direcionado ao outro tem, na maioria das vezes, tem o objetivo de garantir que ele reconheça e avalize o nosso valor. 

Quando esse amor é recusado, perdemos o eixo e mergulhamos no desespero, pela ilusão de que somente o outro poderia preencher nosso vazio interior. Amar a si mesmo é a única defesa contra este risco que todos corremos, enquanto não descobrimos em nós a fonte infinita e inesgotável de amor.

A COMPAIXÃO É TERAPÊUTICA

"....Na compaixão, você simplesmente dá. No amor, você está agradecido porque o outro deu alguma coisa a você. Na compaixão, você está agradecido porque o outro recebeu alguma coisa de você, porque o outro não rejeitou você. Você veio com energia para dar, você veio com muitas flores para compartilhar e o outro lhe permitiu, o outro estava receptivo. Você está agradecido porque o outro estava receptivo.

....Você simplesmente distribui porque você tem. Você tem tanto que se você não distribuir, você se sentirá sobrecarregado. É exatamente como uma nuvem carregada que tem que chover. E da próxima vez quando uma nuvem estiver chovendo observe atentamente e você sempre ouvirá; quando a nuvem estiver chovendo e a terra tiver absorvido, você sempre ouvirá a nuvem dizendo à terra 'muito obrigado'. A terra ajuda a nuvem a se descarregar. 

Quando uma flor desabrocha, ela tem que compartilhar a sua fragrância ao vento. Isso é natural. Não é uma barganha, não é um negócio. Isso é simplesmente natural. A flor está repleta de fragrância. O que fazer? Se a flor mantiver a fragrância para si mesma, ela irá se sentir muito, muito tensa, em angústia profunda. 

A maior angústia na vida é quando você não pode expressar, quando você não pode comunicar, quando você não pode compartilhar. O homem mais pobre é aquele que nada tem a compartilhar, ou aquele que tem algo a compartilhar, mas que perdeu a capacidade, a arte, a maneira de como compartilhar, aí o homem é pobre. 

...O homem de compaixão é o homem mais rico, ele está no topo do mundo. Ele não tem qualquer confinamento, qualquer limitação. Ele simplesmente dá e segue o seu caminho. Ele nem mesmo espera você lhe dizer um muito obrigado. Com tremendo amor ele compartilha a sua energia. 

...Para ser compassivo é preciso que se tenha, em primeiro lugar, compaixão por si mesmo. Se você não amar a si mesmo, você nunca será capaz de amar um outro alguém. Se você não for amável consigo mesmo, você não conseguirá ser amável com ninguém mais.

...Qualquer coisa que você for consigo mesmo, você será com os outros. Deixe que isso seja um ditado básico. Se você se detesta, você irá detestar os outros. E foi-lhe ensinado detestar a si mesmo. Ninguém jamais disse a você 'ame a si mesmo'. 

...O primeiro passo é: aceite-se como você é. Abandone todos os 'deves". Não carregue qualquer 'deve' em seu coração. Não é para você ser algo diferente do que é. Não é de se esperar que você faça algo que não pertença a você. Você existe para ser exatamente você mesmo. 

...Quando você não está tentando se tornar um outro alguém, então, você simplesmente relaxa e uma graça surge. Então, você está cheio de grandeza, esplendor e harmonia, porque aí não existe qualquer conflito. Nenhum lugar para ir, nada pelo qual brigar, nada para forçar nem para obrigar-se violentamente. Você se torna inocente. 

Em tal inocência, você sentirá compaixão e amor por si mesmo. Você se sentirá tão feliz consigo mesmo que ainda que Deus venha bater em sua porta e diga: 'Você gostaria de se tornar uma outra pessoa?, você dirá: 'Você ficou louco? Eu sou perfeito! Obrigado, e nunca mais tente fazer isso, eu sou perfeito como sou.

...Seja apenas você mesmo e lembre-se de que você não pode ser alguma outra coisa, faça o que você fizer. Todo esforço é fútil. Você tem que ser simplesmente você mesmo.

...Mova-se lentamente, alerta, observando, estando amoroso. Se você for sexual, eu não digo para abandonar o sexo; eu digo faça-o mais alerta, faça-o como uma prece, faça-o mais profundo, assim ele pode tornar-se amor. 

Se você está amando, então, faça isso com mais gratidão, traga uma gratidão, uma alegria, uma celebração e uma prece mais profunda ao amor, traga meditação para ele, assim ele pode se tornar compaixão. 

A não ser que a compaixão tenha acontecido para você, não pense que você viveu corretamente, ou que você viveu de alguma maneira. Compaixão é o florescimento. E quando a compaixão acontece para uma pessoa, milhões são curadas. Qualquer um que chegue ao seu redor será curado. A compaixão é terapêutica". OSHO

domingo, 14 de novembro de 2010

"Amor doação"





O amor costuma ser um tema muito presente na sociedade
contemporânea.

Nos contextos mais inusitados, o amor surge como móvel ou
explicação para a conduta humana.

Há quem diga que traiu ou matou por amor.

Também se nomina a mera ardência sexual como uma manifestação
desse sentimento.

Não falta quem se acredite muito amoroso, por ter ímpeto de manter
relações íntimas com várias pessoas ao mesmo tempo.

Bem se vê como é difícil precisar o sentido do amor.

Entretanto, Jesus identificou o amor como a essência das Leis que
regem a vida.

Acima de tudo é preciso amar a Deus.

Mas também é necessário amar o próximo como a si mesmo.

Certamente esse sentimento tão sublime há de ser estribado no dever
e na conduta digna.

Não se concebe que justifique promiscuidade ou crimes.

Talvez até figure de forma embrionária nesses processos
desequilibrados.

Mas por certo neles se encontra desvirtuado por vícios e paixões.

Então, é difícil precisar o sentido dessa palavra tão enunciada.

Muitos dizem sofrer por amor.

Amam mas não são correspondidos e por isso padecem.

Ou às vezes até se acreditam amados, mas não com a intensidade que
desejariam.

Ardem de ciúmes do ser querido.

Reclamam de descaso, de que não recebem a atenção necessária.

Entretanto, em se tratando de amor, convém recordar os exemplos de
Jesus.

O Mestre Divino não Se ocupou de reclamar de falta de atenção.

Não fez chantagens com Seus parentes e amigos, para exigir maiores
demonstrações de afeto.

Não infernizou a vida de quem não conseguia entender o significado
de Sua missão.

Por muito amar, Ele Se doou inteiro à Humanidade.

Investiu horas infindas na educação dos ignorantes.

Confortou os sofredores.

Curou enfermos.

Amparou os viciados do corpo e da alma.

Mas nunca esperou ou exigiu e nem mesmo recebeu nada em troca.

Aqueles homens rudes nada tinham mesmo para Lhe dar.

Em comparação com o Senhor Jesus, mesmo os mais bem aquinhoados
eram simples indigentes morais e intelectuais.

Careciam de educação, de luz, de paz...

Então, um aspecto importante do amor é a doação.

Amar pelo prazer de ver feliz o ser querido.

Quem espera ser amado muitas vezes se converte em opressor ou
chantagista.

Já quem se contenta em amar é sempre um esteio na vida do
semelhante.

Reflita a respeito do modo pelo qual você encara o amor.

Encontra alegria em tornar felizes seus amores?

Ou está sempre a lhes fazer exigências, em uma barganha constante
de seu afeto?

Redação do Momento Espírita.

Em 10.11.2010.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

"Dia Mundial dos Animais"

Uma linda homenagem da Pedigree aos nossos irmãos em evolução!


Paz e bem à todos!




"Francisco de Assis- 04 de outubro"

Francisco de Assis, um grande homem que esteve aqui na Terra, deixando uma linda mensagem de amor para todos nós!
Paz e bem à todos vocês! :)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"Matéria não existe, tudo é energia"


  O título deste artigo diz uma obviedade para quem entendeu minimamente a teoria da relatividade de Einstein pela qual se afirma ser matéria e energia equivalentes. Matéria é energia altamente condensada que pode ser liberada como o mostrou, lamentavelmente, a bomba atômica.
O caminho da ciência percorreu, mais ou menos, o seguinte percurso: da matéria chegou ao átomo, do átomo, às partículas subatômicas, das partículas subatômicas, aos “pacotes de onda” energética, dos pacotes de onda, às supercordas vibratórias, em 11 dimensões ou mais, representadas como música e cor.
Assim um elétron vibra mais ou menos quinhentos trilhões de vezes por segundo. Vibração produz som e cor. O universo seria, pois, uma sinfonia de sons e cores. Das supercordas chegou-se, por fim, à energia de fundo, ao vácuo quântico.
Neste contexto, sempre lembro de uma frase dita por W.Heisenberg, um dos pais da mecânica quântica, num semestre que deu na Universidade de Munique em 1968, que me foi dado seguir e que ainda me soa aos ouvidos : “O universo não é feito por coisas mas por redes de energia vibracional, emergindo de algo ainda mais profundo e sutil”. Portanto, a matéria perdeu seu foco central em favor da energia que se organiza em campos e redes.
Que é esse”algo mais profundo e sutil” de onde tudo emerge?
Os físicos quânticos e astrofísicos chamaram de “energia de fundo” ou “vácuo quântico”, expressão inadequada porque diz o contrário do que a palavra “vazio” significa.
O vácuo representa a plenitude de todas as possíveis energias e suas eventuais densificações nos seres. Dai se preferir hoje a expressão pregnant void “o vácuo prenhe” ou a“fonte originária de todo o ser”
Não é algo que possa ser representado nas categorias convencionais de espaço-tempo, pois é algo anterior a tudo o que existe, anterior ao espaço-tempo e às quatro energias fundamentais, a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte.
Astrofísicos imaginam-no como uma espécie de vasto oceano, sem margens, ilimitado, inefável, indescritível e misterioso no qual, como num útero infinito, estão hospedadas todas as possibilidades e virtualidades de ser.
De lá emergiu, sem que possamos saber porquê e como, aquele pontozinho extremamente prenhe de energia, inimaginavelmente quente que depois explodiu (big bang) dando origem ao nosso universo.
Nada impede que daquela energia de fundo tenham surgido outros pontos, gestando também outras singularidades e outros universos paralelos ou em outra dimensão. 

Com o surgimento do universo, irrompeu simultaneamente o espaço-tempo.
O tempo é o movimento da flutuação das energias e da expansão da matéria. O espaço não é o vazio estático dentro do qual tudo acontece mas aquele processo continuamente aberto que permite as redes de energia e os seres se manifestarem.
A estabilidade da matéria pressupõe a presença de uma poderosíssima energia subjacente que a mantém neste estado.
Na verdade, nós percebemos a matéria como algo sólido porque as vibrações da energia são tão rápidas que não alcançamos percebê-las com os sentidos corporais. Mas para isso nos ajuda a física quântica, exatamente porque se ocupa das partículas e das redes de energia, que nos rasgam esta visão diferente da realidade.
A energia é e está em tudo. Sem energia nada poderia subsistir. Como seres conscientes e espirituais, somos uma realização complexíssima, sutil e extremamente interativa de energia.
Que é essa energia de fundo que se manifesta sob tantas formas?
Não há nenhuma teoria científica que a defina. De mais a mais, precisamos da energia para definir a energia. Não há como escapar desta redundância, notada já por Max Planck.
Esta Energia talvez constitua a melhor metáfora daquilo que significa Deus, cujos nomes variam, mas que sinalizam sempre a mesma Energia subjacente.
Já o Tao Te Ching (§ 4) dizia o mesmo do Tao: ”o Tao é um vazio em turbilhão, sempre em ação e inexaurível. É um abismo insondável, origem de todas as coisas e unifica o mundo”.
A singularidade do ser humano é poder entrar em contacto consciente com esta Energia. Ele pode invocá-la, acolhê-la e percebê-la na forma de vida, de irradiação e de entusiasmo.

Leonardo Boff com Mark Hathaway é autor de The Tao of Liberation. N.York(2010)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

" Pedofilia, uma perversão? "

De acordo com especialistas, a resposta a essa pergunta é afirmativa tanto dentro do tradicional conceito psiquiátrico, que o considera como um ato intrinsecamente mau, quanto dentro da definição psicanalítica de estrutura clínica diante da castração
Geraldino Alves Ferreira Netto
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"Amor à criança" é uma linda etimologia para a palavra ‘pedofilia’, amor este que deveríamos encontrar em todos os relacionamentos dos pais que amam seus filhos. Mas o termo fugiu de seu significado original, tomando uma acepção completamente pejorativa, descrevendo a atração sexual de um adulto por uma criança, no sentido de um abuso sexual criminal. O mesmo sentido, também em grego, é atribuído ao termo ‘pederastia’, cujo uso linguístico passou a implicar numa prática sexual condenável entre um adulto e um adolescente - embora tenha havido época em que a atividade sexual entre pessoas de idades bem distanciadas e do mesmo sexo era considerada ideal, sem censura, como lemos n’O Banquete de Platão.
A insistência com que a mídia atual nos bombardeia com notícias sobre práticas de pedofilia nos interroga sobre o caldo de cultura que propicia seu recrudescimento. Seria suficiente alegar que o acesso das crianças à mídia eletrônica (Internet, celulares) explicaria a facilitação e busca de tais ‘divertimentos’? Os criadores, divulgadores e mantenedores de tais instrumentos são adultos, que os comercializam.
Com a expansão da Internet no mundo inteiro, imune a qualquer tipo de controle ou barreira nacional ou internacional, a pornografia infantil assumiu proporções assustadoras. No Brasil, o Ministério Público Federal computou 56 mil denúncias só nos últimos dois anos. Mais de 80% delas envolvem o serviço de relacionamentos Orkut, da empresa Google. Recentemente, foi criada a CPI da Pedofilia, que já aprovou a quebra de sigilo de 3261 álbuns de pornografia infantil. (Jornal Folha de S. Paulo, de 10-04-08).
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Falar em sexualidade infantil não inclui a genitalidade análoga a do adulto. A genitalidade propriamente dita exige uma disposição física e orgânica que a criança ainda não atingiu, mas a sexualidade já está presente nela, como componente de ordem psíquica
Primórdios
A partir de 1850, os manuais de psiquiatria elencaram várias formas de comportamentos chamados de perversões. A primeira lista incluía: incesto, homossexualidade, zoofilia, pedofilia, pederastia, fetichismo, sadomasoquismo, transvestismo, narcisismo, autoerotismo, coprofilia, necrofilia, exibicionismo, voyeurismo, mutilações sexuais. Esta lista foi modificada inúmeras vezes, com acréscimos e substituições, até que, em 1995, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-IV-TM) suprimiu os conceitos de perversões e homossexualidade, chamadas agora de parafilias, apelando de novo ao grego, com o sentido de ‘amores paralelos, à margem’.
Pouco importam as denominações. O fundamental é o critério utilizado para classificar tais comportamentos como perversos. Antes do surgimento da Psicanálise, a sexualidade se baseava naquilo que se considerava como objetivo específico do ato sexual: a reprodução. Havia unanimidade nos vários discursos: religioso, médico, jurídico e social quanto a esse critério. Consequentemente, todo ato sexual que impossibilitasse ou impedisse a reprodução era considerado intrinsecamente mau, pecaminoso, perverso. Ainda hoje, alguns discursos religiosos continuam mantendo o mesmo critério, argumentando, por exemplo, que a utilização de preservativos é contra a natureza, por impedir a concepção, estendendo o mesmo raciocínio para a prática da homossexualidade, mantendo uma proibição incondicional a tais atos e condenando aqueles que os praticam.
"Antes do surgimento da Psicanálise, a sexualidade se
baseava no objetivo específico do ato sexual: a reprodução"
Freud veio revolucionar o conceito de sexualidade, direcionando-a para outro objetivo: a busca do prazer. Também ousou afirmar a existência de uma sexualidade infantil, polimorfamente perversa, até então ignorada. A resistência a esta teoria veio do desconhecimento por parte dos adultos, e da dificuldade de entenderem a distinção feita por Freud entre o sexual e o genital.
Quando Freud atribuía o valor de normalidade a essas perversões infantis, compostas de curiosidade pelo sexo oposto, voyeurismo, exibicionismo e toques físicos, estava descrevendo um comportamento que as crianças pequenas desenvolvem entre si, todas da mesma idade ou de idade aproximada. Tais comportamentos implicam num aprendizado pedagógico, nos quais as crianças começam a adquirir as primeiras informações espontâneas, sadias e não traumáticas, sobre a diferença anatômica, os mistérios da vida e da sexualidade.
Tais informações e experiências sobre os mistérios da sexualidade as crianças recebem também dos adultos, os pais, as babás, as enfermeiras, todos aqueles que cuidam delas, ou fazem a hoje chamada ‘função materna’. Dar banho, trocar as fraldas, vestir as roupas são momentos em que os adultos precisam tocar o corpo da criança. Esta, por sua vez, pode sentir prazer erótico, sobretudo quando se trata de tocar seus genitais. Em nossos dias, observa-se mais liberalidade para mães e pais se despirem diante dos filhos pequenos, inclusive tomando banho juntos. O que importa não é esconder ou exibir o próprio corpo, mas o mistério intrigante envolvido aí ou, ao contrário, a naturalidade com que isso é feito.
Freud conta, em texto publicado em 1909, um detalhe curioso no caso clínico do pequeno Hans, de quatro anos. Na hora do banho de Hans, diz Freud: "Quando a mãe lhe passava talco em volta de seu pênis, tomando cuidado para não tocá-lo, Hans lhe disse: Por que é que você não põe seu dedo aí?" Na mesma página deste relato, em nota de rodapé, Freud conta outra história de uma mãe com sua filha. A mãe "tinha mandado fazer umas calcinhas para a menina, e as estava experimentando nela, para ver se não estavam apertadas demais, quando andasse. Para isso, ela, a mãe, passava sua mão pelo lado interno da coxa da criança. De repente, a menina fechou as pernas, apertando a mão da mãe e dizendo: Mamãe, por favor, deixe a sua mão aí, é tão gostoso!"
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Em nossos dias, observa-se mais liberalidade para mães e pais se despirem diante dos filhos pequenos, inclusive tomando banho juntos. O que importa não é esconder ou exibir o próprio corpo, mas o mistério intrigante envolvido nisso ou, ao contrário, a naturalidade com que isso é feito
Acumulador de energia
Em outro texto, de 1930, pouco conhecido e não incluído nas Obras Completas, em que Freud escreveu, em parceria, a biografia de Thomas Woodrow Wilson, um presidente dos Estados Unidos, encontramos uma comparação muito original da relação mãe-criança. O bebê é comparado aí com um ‘acumulador de energia’, como a bateria de um carro, que precisa receber uma carga de energia para fazer funcionar o motor. A mãe, por sua vez, é chamada de ‘usina libidinal’, cabendo-lhe a tarefa de transmitir ao filho uma quantidade de energia. Ela o faz não só pelos cuidados de higiene e alimentação, mas, sobretudo, pelo afeto e amor que transmite quando proporciona os cuidados próprios da função materna. Ela o faz quando acalenta e acalanta seu bebê. Trata-se de uma energia erogenizada, carregada do desejo da mãe e que provoca desejo no filho também. Na sequência, alguém tem que desligar a bateria da tomada, função que recebe a denominação de paterna.
Isto é, o Complexo de Édipo supõe um momento inicial incestuoso, seguido da operação de castração, de interdição, para que a criança possa ingressar no mundo da lei, da cultura, da sociedade. A castração não proíbe à criança continuar desejando a mãe e o pai como tais, mas proíbe que ela os deseje sexualmente como mulher e homem. Aquela perversão infantil inicial, normal, inclusive incestuosa, vai transformar-se possivelmente numa neurose que podemos chamar de normal também, decorrente, esta, do recalque sobre os desejos incestuosos.
Mal-entendidos
O que faz a diferença entre a Psiquiatria e a Psicanálise é que a primeira apresenta listas de perversões ou parafilias, que são comportamentos observáveis e classificáveis, fenomenológicos, considerados transtornos patológicos, enquanto que, para a Psicanálise, tais atos são normais, desde que propiciem prazer àqueles que os pratiquem, adultos que consentem em participar, solitaria ou solidariamente, dos mesmos. Nesta perspectiva, nenhuma atividade sexual é intrinsecamente má, nem um ato reprovável pela sua própria natureza. A palavra ‘perversão’ é, então, tomada em seu sentido etimológico de ‘várias versões’, ou várias maneiras de se conseguir prazer com o sexo. E o conceito de ‘perversão’, na Psicanálise, no singular e não no plural, é uma posição psíquica subjetiva, uma estrutura clínica, diante da castração.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa assim define a pedofilia: 1. perversão que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por crianças; 2. prática efetiva de atos sexuais com crianças (p. ex., estimulação genital, carícias sensuais, coito etc).
Não é tão fácil caracterizar o crime de pedofilia, se levarmos em conta essa definição porque, no primeiro sentido que ele apresenta, de atração sexual do adulto pela criança, teríamos uma pedofilia lato sensu, quase platônica que, circunscrita somente à fantasia do adulto, sem agregar uma prática sexual, não seria crime. O segundo sentido descreve a pedofilia propriamente dita, que inclui a prática sexual do adulto com crianças. Mesmo nessa, a costumeira ausência de testemunhas pode dificultar a investigação, mas não a caracterização pedófila.
Com relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (veja quadro Legislação brasileira), bem mais taxativo, também não se fica totalmente livre de uma interpretação ambígua, porque a cláusula que diz: ‘com o fim de com ela (a criança) praticar ato libidinoso’ pode levar o infrator a se defender dizendo que não intencionava chegar a esta finalidade. Quando, porém, o Estatuto garante a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, qualquer juiz que conheça um mínimo de Psicologia tem obrigação de agir com rigor, diante de qualquer forma de coerção, na defesa de um ser humano totalmente vulnerável e frágil em sua estrutura psíquica. Não é por acaso, portanto, que vários crimes desta natureza tenham, na prática, recebido penas mais brandas por supostas atenuantes.
"Freud veio revolucionar o conceito de sexualidade,
direcionando-a para outro objetivo: a busca pelo prazer"
A Psicanálise apresenta outros argumentos teóricos para afirmar que, na pedofilia, não há paridade de matéria, pelo simples motivo de que não existe nenhum quantificador objetivo para medir a gravidade do caso. Tudo aqui se passa no registro da subjetividade, no qual não se pode generalizar nada. Nós, psicanalistas, estamos acostumados a ouvir relatos de adultos que foram molestados de diversas formas, na infância, e que não conseguiram ainda, passados 30 ou 40 anos, assimilar ou significar os acontecimentos. Alguns poucos minutos de prazer de um adulto podem transformar-se em sofrimento, mágoa, vergonha, angústia e baixa estima pelo resto da vida da criança.
Costuma-se alegar, para justificar a prática da pedofilia, que a criança gostou, consentiu, ou não se opôs. Estamos aqui no cerne da questão. Acontece que a única experiência que a criança conhecia, até então, foi aquela vivida dentro da família, com os cuidados maternos descritos acima. Por mais íntima que seja a intervenção da mãe ou do pai nos cuidados com os filhos, é uma intimidade que tem limites precisos, impostos pelos próprios pais, com raras exceções. A experiência transcendental da maternidade ou paternidade é de tal dimensão que desenvolve um profundo respeito pela criança, a própria ou a dos outros.
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Em nome do pai
♦ Só em 2008, nos Estados Unidos, a Igreja Católica desembolsou mais de US$ 430 milhões para enfrentar casos de pedofilia envolvendo clérigos. Estima-se que, nos últimos anos, a Igreja Católica tenha gasto cerca de US$ 2 bilhões em indenizações para as vítimas de abusos sexuais, só nos Estados Unidos.
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O assédio sexual é mais grave que uma simples cantada ou um gracejo, porque pode estar forçando a pessoa a aceitar algo em troca de vantagem, o que caracteriza uma ameaça constrangedora
Complexo de Édipo
A vivência incestuosa, permitida, mas provisória, no início da fase do Complexo de Édipo, que significa uma posse total imaginária da criança em relação aos pais, é inevitável para servir de base para a operação da castração que vem depois, reorganizando e definindo o lugar simbólico de cada elemento na cadeia do parentesco.
Argumenta-se também, para justificar as queixas de pedofilia, que uma das descobertas desconcertantes de Freud foi a teoria da fantasia, que desbancou as muitas afirmações de sedução real feitas pelas histéricas da época. Elas alegavam que tinham sido seduzidas por adultos, quando crianças, quase sempre dentro das linhas diretas de parentesco, quando, de fato, foram elas que criaram estas cenas no imaginário da fantasia. Tratava-se de um desejo da criança e não uma verificação de sedução. No início, foi difícil para Freud admitir isso, porque a convicção que ele tinha quanto à realidade dos fatos de sedução era tanta que, segundo Elisabeth Roudinesco, no livro A parte obscura de nós mesmos, ele chegou a suspeitar de que seu próprio pai tivesse abusado sexualmente dos filhos. Era uma dedução puramente teórica, e falsa. Não é nada improvável que as crianças de hoje continuem fantasiando aventuras sexuais. Mas não se pode negar também que nem tudo é fantasia nesta área. Muitos fatos reais de abuso sexual se comprovam.
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Perfil psicológico
♦ O pesquisador Antonio de Pádua Serafim realizou um estudo pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina - Universidade de São Paulo, sob o título de Pedofilia: da fantasia ao comportamento sexual violento. O pesquisador notou traços do perfil psicológico, alguns deles como: o indivíduo tem no mínimo 16 anos e é pelo menos 5 anos mais velho do que a criança. O tipo mais comum de pedófilo é o indivíduo imaturo. Em algum ponto da vida descobre que obtém com crianças níveis de satisfação sexual que não são possíveis de se alcançar de outra maneira.
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Molestamento é forçar a barra, causando mágoa, desgosto e ofensa. Aa etimologia é ‘mole’, uma massa de pedra, algo pesado que se impõe a alguém contra sua vontade, algo de mau gosto, em geral
Expectativa inocente
Acontece que, para uma criança, o máximo que ela conhece são aquelas mesmas experiências de carinho e atenção que ela recebe dos pais em casa. Assim, quando um adulto, estranho ao meio familiar, se oferece para fazer um agrado numa criança, ela espera que tudo vai ser como seus pais fazem, porque confiam na honestidade, seriedade e superioridade dos adultos.
Se defendemos a tese de que a pedofilia é uma das perversões elencadas nos manuais de Psiquiatria e que também se inclui na definição de perversão proposta pela Psicanálise, resta esclarecer o que é a perversão como estrutura clínica. A melhor e mais avançada definição de perversão foi a que Lacan apresentou. Fazendo um jogo de palavras tipicamente francês, chamou-a depère-version (versão do pai, versão da lei), uma das ‘escolhas’ subjetivas inconscientes que podemos fazer diante da lei da proibição do incesto. Seguindo sua trilha de desbiologizar e dessexualizar o Complexo de Édipo, Lacan propõe pensar que a perversão não se constitui de nenhum tipo de atividade sexual propriamente dita, mas está inserida na estrutura do discurso. Quer dizer, se o psicótico está, de certa forma, fora da lei da linguagem codificada, pela forclusão do significante do Nome-do-Pai, ou ausência da castração, e se o neurótico está amarrado no laço social e simbólico da linguagem, pela submissão à lei do pai, o perverso é aquele que oscila entre o simbólico da linguagem e o imaginário de uma lei caprichosa que ele inventa para si mesmo em determinadas situações que lhe convenham, a seu bel-prazer.
O perverso utiliza (ou abusa) do outro para seu próprio gozo. Se a linguagem, no neurótico, está sujeita ao mal-entendido, pela polissemia do significante, no perverso ocorre o mal-intencionado, a intenção de enganar. É aqui que localizamos o drama da pedofilia. A criança está bem–intencionada, o adulto está mal-intencionado, e assim o mal-entendido se estabelece. O que a criança espera do adulto pedófilo não é a mesma coisa que ele tenciona oferecer para ela. Há uma dissimetria profunda entre os desejos da criança e os do adulto. Ela pensa que o adulto vai só repetir aqueles carinhos amorosos que seus pais lhe dão, com limites precisos, sem suspeitar de algo que ela ainda não conhece, uma experiência sexual-genital, para a qual não está preparada nem física nem psicologicamente, sem chance, portanto, de consentir. Ela fica atordoada com a novidade, percebe que algo está errado, sente culpa, tem medo de contar para os pais, até porque normalmente é ameaçada no caso de comentar com alguém. Aí começa o trauma, aí está o crime. Mesmo sem a abordagem física, um dano moral ou psicológico traumatiza a criança.
Como se trata de algo que é recalcado para o inconsciente, não é possível fazer previsão nem avaliação do grau de sofrimento decorrente, porque não há correlação mensurável entre o ato (de aliciamento, molestamento, abuso) e suas consequências, totalmente imprevisíveis na subjetividade.
No celibato
Curiosamente, os casos mais frequentes e recentes de pedofilia divulgados pela imprensa mundial envolvem religiosos celibatários, inclusive da alta hierarquia eclesiástica católica, na faixa de 70-80 anos de idade, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. O próprio Papa vem sendo acusado de conivência com os religiosos envolvidos. Vários bispos católicos renunciaram ao cargo recentemente, em consequência de denúncias comprovadas, e a Igreja tem desembolsado somas enormes de dinheiro para indenizar as vítimas de pedofilia. Ainda no além-mar, religiosos tentam associar a pedofilia com a homossexualidade, numa discriminação injusta e sem fundamento.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, de 12-05-10, encontramos importantes declarações do atual Papa, Bento XVI, em sua viagem a Portugal, quando foi interrogado sobre os escândalos de pedofilia dentro do clero católico. Suas respostas foram no sentido de afirmar que "hoje em dia, as maiores perseguições sofridas pela Igreja não provêm de fora e sim de seus próprios pecados". Interrogado sobre as medidas que a Igreja tomará contra sacerdotes que abusaram de menores respondeu, claro e incisivo: "A penitência, a oração e a aceitação, mas também a necessidade de Justiça, porque o perdão não substitui a Justiça".
"A criança está bem-intencionada, o adulto está mal-intencionado, e assim o mal-entendido se estabelece"
Seria possível traçar o perfil do pedófilo? Com referência aos casos de pedofilia entre celibatários, temos uma amostragem evidenciando que os acusados já passaram da terceira idade. Os crimes que cometeram não são recentes. A maioria das acusações relata casos antigos, que só tardiamente estão sendo denunciados, devido à conscientização maior hoje e, quem sabe, das gordas indenizações pagas. Isto significa que os abusos devem ter ocorrido lá pelas décadas de 60-70, quando o catolicismo estava em alta, sobretudo no maior país católico do mundo. Nesta época, a família brasileira, em grande parte descendente de italianos, considerava uma honra ter um filho padre. Como os padres gozavam do alto conceito de seriedade e respeitabilidade, as famílias confiavam em deixar os filhos aos cuidados dos religiosos, que só poderiam fazer o bem para as crianças. Os padres, por sua vez, protegidos por uma autoconfiança que os colocava acima de qualquer suspeita, poderiam sentir-se seguros na convivência com as crianças.
O celibato compulsório é também um componente facilitador para a pedofilia. Embora a vida consagrada costume ser considerada como uma sublimação, a pulsão sexual nunca é extinta, e brasas queimam sob as cinzas. A vida dos santos é repleta de episódios dramáticos de supostas aparições do demônio, sob forma de lindas mulheres sedutoras e tentadoras. Eles apelavam para a oração, a penitência, o cilício, que é um cinto cheio de pontas que feriam o corpo até sangrar, tudo para não cederem aos chamados pecados da carne. O que os açoitava era seu desejo sexual.
A imprensa mundial vem denunciando muitos escândalos sobre incestos e pedofilia. Eentre eles o do austríaco Joseph Fritzl, que viveu incestuosamente com sua filha durante décadas, com a qual teve filhos e também os casos de pedofilia que envolvem religiosos celibatários
Falível e transgressor
A atividade sexual do adulto, a experiência afetiva e amorosa com uma mulher, a cumplicidade de uma vida a dois, o compartilhamento do mistério da paternidade ou maternidade, a contemplação de um filho que desabrocha a cada dia, tudo isso leva a um amadurecimento e equilíbrio emocional e psicológico insubstituíveis na experiência humana sadia.
É evidente que existem pedófilos em vários segmentos da sociedade, em todas as profissões, inclusive entre pessoas casadas e consideradas cidadãos respeitados. Afinal, o ser humano é falível e transgressor. Não é por acaso que se criam tantas leis para tentar domesticar uma pulsão sexual que não nega sua origem animal.
O que se pode recomendar aos pais e responsáveis é que se antecipem na orientação a seus filhos ou dependentes no tocante aos riscos da pedofilia, antes que o trauma se instale.
A psicanalista Fani Hisgail, autora de Pedofilia, um estudo psicanalítico, defende a tese de que "a pedofilia não é só um crime contra uma criança, é um crime contra a humanidade". Apesar da frequência da pedofilia, atualmente as perversões são muito mais ligadas à pessoa jurídica, à política, ao Estado, ao capitalismo selvagem. Os genocídios, como aconteceu no Nazismo, os atos terroristas internacionais, as guerras mundiais, fazem com que as antigas perversões, como a masturbação, coito anal, fetichismo, sadomasoquismo e tantas quantas, não passem de ‘conversa de botequim’. Ninguém mais se preocupa com a vida sexual privada das pessoas.
Incesto
Uma das teses sociais da Psicanálise e da Antropologia é que a sociedade só pode se organizar e sobreviver se for mantida e observada a proibição do incesto. O incesto real, que não deve ser confundido com a fantasia de incesto comum a todos nós, é uma forma de pedofilia que ainda traz a agravante da relação direta de parentesco e da falha da função paterna de impor a lei.
O incesto está presente na humanidade desde sempre. Já encontramos relatos na Bíblia, no Antigo Testamento. Na literatura, temos o clássico Édipo- Rei, de Sófocles, quase quinhentos anos antes de Cristo. Um século atrás, a teorização de Freud sobre o Complexo de Édipo fez com que qualquer pessoa, hoje, mesmo não familiarizada com a Psicanálise, discorra sobre o tema com domínio fácil.
Fonte: Portal Ciência e Vida - http://psiquecienciaevida.uol.com.br
" NUNCA TE ESQUEÇA A BONDADE NO DESEMPENHO DE QUALQUER OBRIGAÇÃO. "

( Irmã Cipriana "No Mundo Maior"- André Luiz )

Chico Xavier

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"... se eu dispusesse de autoridade, rogava aos homens que estão arquitetando a construção do Terceiro Milênio que colocassem no portal da Nova Era as inolvidáveis palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: -"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".

Allan Kardec

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" Fora da Caridade, não há salvação. "

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